Série negativa resulta em perda de 1,6% do setor mais importante da economia, que opera 10,8% acima do nível pré-pandemia
Após encolher mais de 1% no mês de agosto, o volume de serviços prestados no Brasil recuou 0,3% no mês de setembro. Com a nova perda, o setor responsável por cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional fecha o terceiro trimestre com queda de 0,4%, segundo dados revelados nesta terça-feira (14) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com as quedas, o segmento acumula perda de 1,6% nos dois meses negativos, eliminando parte do ganho de 2,2% do resultado somado de junho a agosto. Ainda assim, o ramo figura 10,8% acima do patamar pré-pandemia, mas ainda 2,6% abaixo do ponto mais alto da série histórica da PMS (Pesquisa Mensal de Serviços), alcançado em dezembro do ano passado.
No indicador acumulado do ano, o volume de serviços tem alta de 3,4% ante o mesmo período de 2022. Já o acumulado dos últimos 12 meses é de 4,4%. Rodrigo Lobo, analista da pesquisa, explica que setembro foi o terceiro mês de menor receita oriunda de prestação de serviços no ano, na frente apenas de janeiro e abril.
Em setembro, três das cinco atividades pesquisadas tiveram queda, com destaque negativo para o setor de serviços profissionais, administrativos e complementares, que recuaram 1,1%, influenciados pela menor receita vinda das atividades jurídicas, de limpeza e de serviços de engenharia
"Houve apenas uma movimentação natural do conjunto de empresas que compõe esses segmentos, não identificamos nenhum componente especial que tenha motivado a queda do setor", afirma Lobo. Com o resultado, a atividade elimina o ganho de 0,8% verificado em agosto.
Outra queda que chamou atenção foi a de informação e comunicação, que recuou 0,7% e emplacou o terceiro revés consecutivo, acumulando perda de 1,7% no período julho-setembro, pressionado principalmente pelo setor de suporte técnico, manutenção e outros serviços em TI.
Já no ramo de transportes (-0,2%), o ligeiro decréscimo foi influenciado pelos setores de transporte rodoviário de carga, o principal segmento desse grupo e um dos maiores pesos da pesquisa, seguido por transporte áereo de passageiros, limitado pelo salto de 13,47% no valor das passagens aéreas.
No trimestre, houve disseminação de taxas negativas, com recuo de quatro das cinco atividades: outros serviços (-0,7%); transportes (-0,6%); informação e comunicação (-0,6%); e profissionais, administrativos e complementares (-0,4%). Os serviços prestados às famílias (0,1%) assinalaram a única variação positiva.
Alívio com festival
Entre os dois setores com alta no mês, destaque para o de serviços prestados às famílias, que avançou 3%, recuperando boa parte da queda de agosto (-3,7%). Nesse setor, a principal influência foi do segmento “outros serviços prestados às famílias”, diretamente impactado pela atividade de espetáculos musicais.
“Houve um grande festival de música, realizado em São Paulo em setembro, que acabou impactando o setor como um todo”, analisa Rodrigo Lobo ao se referir ao The Town, evento dos mesmos idealizadores do Rock in Rio, que contou com a presença de Post Malone, Maroon 5, Demi Lovato e Bruno Mars.
Já o setor de outros serviços cresceu 0,8%, após três resultados negativos seguidos, em que acumulou perda de 3,3%.